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  • Foto do escritorMarcio Funchal

Lucratividade no Setor de Celulose, Papel, Papelão e Embalagens

Coluna mensal elaborada à pedido da Revista O Papel/ABTCP - Coluna Estratégia e Gestão - Edição de Dezembro de 2022.


Dando sequência às análises de lucratividade setorial, neste último artigo de 2022 me concentro no Setor de Celulose, Papel, Papelão, Embalagens e seus diversos produtos fabricados a partir dos citados. Importante lembrar que o presente artigo complementa a análise realizada na Coluna Estratégia & Gestão da Revista o Papel/ ABTCP, edição de Novembro/22.


A lucratividade setorial, aqui discutida, leva em conta a evolução das receitas e dos custos das indústrias que lhe fazem parte. Como o setor destacado abrange empreendimentos com características de organização e de mercado muito distintas entre si, os dados foram organizados em 4 agrupamentos separados (subsetores ou segmentos industriais, como o leitor preferir). São eles:

  • Fabricantes de CELULOSE e PASTAS para a produção de papel, papelão e outros produtos;

  • Fabricantes de PAPEL, CARTOLINA e PAPEL-CARTÃO;

  • Fabricantes de EMBALAGENS de papel, cartolina, papel-cartão e papelão ondulado, e

  • Fabricantes de PRODUTOS DIVERSOS de papel, cartolina, papel-cartão e papelão ondulado.

A Figura 1 mostra o comportamento do crescimento das receitas e dos custos setoriais dos fabricantes de CELULOSE e PASTAS para papel. Apesar dos números mostrarem altos e baixos ao longo do período, a tendência geral foi de aumento significativo de ambos os fatores desde 2010. Contudo, é fácil notar que, partir de 2019, os custos setoriais têm evoluído mais fortemente que as receitas, fazendo com que a lucratividade setorial fique cada vez mais negativa (ver Figura 2). Importante lembrar que temos nesse segmento um conjunto de empresas com significativas diferenças de porte (de médias até as gigantes mundiais), de atuação de mercado (celulose branca, marrom, solúvel, de mercado e etc.) e tecnologia (projetos industriais novos e outros com décadas de operação). Adicionalmente, as indústrias deste segmento representam, juntas, o volume faturado mais expressivo dentre os 4 agrupamentos destacados: projetado para quase R$ 100 bilhões ao final de 2022.

Considerando agora os fabricantes de PAPEL, CARTOLINA e PAPEL-CARTÃO, vemos pelas Figuras 3 e 4 que a lucratividade setorial possui a mesma tendência de queda nos últimos anos, porém não tão grave como no caso das indústrias de celulose e polpa. Interessante notar que os anos de 2014 e 2018 foram muito ruins em termos de valor das vendas. Ademais, apesar da retomada do crescimento a partir de 2019, os anos mais recentes representam o período em que a lucratividade passou a ser negativa. O ano de 2015, auge da crise financeira do período, também impactou negativamente este segmento industrial. Comparativamente, as indústrias deste segmento devem somar um faturamento total estimado de quase R$ 50 Bi, em 2022.

As Figuras 5 e 6 reúnem os números dos fabricantes de EMBALAGENS. Como se vê, neste segmento, houve aumento tanto das receitas como dos custos, porém de forma sustentável e positiva ao longo de todo o recorte temporal. Com isso, a lucratividade setorial tem se mantido positiva ao longo de todo o período. Ao final de 2022, estima-se que os fabricantes de embalagens devam registrar um faturamento setorial da ordem de R$ 43 Bi.

No último segmento considerado (fabricantes de PRODUTOS DIVERSOS de papel, cartolina, papel-cartão e papelão ondulado), as Figuras 7 e 8 mostram uma lucratividade setorial positiva desde 2010, embora com fortes oscilações anuais. Em termos agregados, é o segmento onde o valor faturado cresceu com menor expressão entre 2010 e 2022, devendo atingir um volume de vendas de aproximadamente R$ 37 Bi no final deste ano.

No próximo conjunto de análises é apresentada ao leitor uma comparação da composição dos custos totais das indústrias selecionadas, considerando o recorte temporal de uma década.


A Figura 9 mostra uma forte mudança na estrutura de custos das fábricas de CELULOSE e PASTAS para papel nos últimos 10 anos. É fácil perceber que o custo financeiro de modernização e ampliação das fábricas se tornou muito mais impactante para este segmento. Como hoje praticamente 2/3 dos custos delas são para reinvestimento (ou seja, financeiro - não operacional), as indústrias de celulose se posicionam hoje em situação de risco, considerando os mais recentes prognósticos de elevação de inflação global, aumento de taxas de juros (custo de crédito) e recessão mundial para os próximos anos.


Na Figura 10 temos a mesma comparação, mas agora para os fabricantes de PAPEL, CARTOLONA e PAPEL-CARTÃO. Aqui também se vê um aumento da importância do custo com reinvestimentos, porém numa escala muito menor do que no caso da celulose. Para este segmento, os custos com matéria-prima e insumos ainda são os mais significativos. Interessante destacar que, dentre os quatro segmentos industriais avaliados, os fabricantes de papel foram os que mantiveram a importância relativa dos custos com mão-de-obra mais equilibrada nos últimos 10 anos (cerca de 17 – 18% do custo total).

A variação dos custos das indústrias de EMBALAGENS pode ser vista na Figura 11. Já a variação dos custos dos fabricantes dos DEMAIS PRODUTOS de papel, cartolina, papel-cartão e papelão ondulado está disponível na Figura 12. Como pode ser visto, a composição dos custos é muito similar entre estes dois segmentos industriais, sendo matéria-prima e insumos o componente mais importante. Além disso, é fácil perceber grande estabilidade na composição dos custos nos últimos 10 anos, sem a necessidade de destacar mudanças significativas entre uma variável e outra.

Considerando os números apresentados, é fácil perceber que, setorialmente, os fabricantes de celulose e polpa de madeira, seguidos pelos produtores de papel, cartolina e papel-cartão estão em situação de risco mais evidente do que as outras duas categorias de produtores. Assim, recomenda-se especial atenção dos gestores para este novo ciclo de negócios que se inicia a partir de 2023.


Coluna mensal elaborada à pedido da Revista O Papel/ABTCP - Coluna Estratégia e Gestão - Edição de Dezembro de 2022.


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