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  • Foto do escritorMarcio Funchal

Comportamento da Produção Industrial no Brasil

Coluna mensal elaborada à pedido da Revista O Papel/ABTCP - Coluna Estratégia e Gestão - Edição de Outubro de 2021.

Já na reta final de mais um ano, é bastante comum que as empresas revisem neste momento suas metas e estratégias para os próximos períodos. Neste sentido, a presente coluna apresenta um resumo do comportamento da produção industrial no Brasil, com o intuito de apoiar o planejamento das empresas e de seus gestores.


Em termos específicos, foi analisada a evolução histórica da produção industrial dos cinco anos anteriores à crise sanitária mundial (a qual deu início no Brasil em março de 2020, com paralisação de atividades empresariais, educacionais e públicas), e os anos de 2020 e 2021, já sob diferentes influências da dinâmica do enfrentamento da respectiva crise sanitária. Ao todo, foram selecionadas sete cadeias produtivas industriais, além da indústria da transformação como um todo.


A Figura 1 mostra o comportamento médio da produção da indústria da transformação. Os dados mostram que há claramente uma sazonalidade da produção industrial, onde o pico se dá anualmente entre Julho e Outubro. Entre Dezembro e Fevereiro, historicamente, são registrados os menores volumes de produção da indústria da transformação no Brasil. Olhando para 2020, se vê uma forte retração no início do 2º trimestre, porém com forte retomada a partir do 3º trimestre do mesmo ano. Já em 2021, os dados mostram que a produção vem acompanhando o perfil da produção histórica setorial.

Na Figura 2 estão os dados da indústria de alimentos. Mais uma vez a sazonalidade é bastante marcante, com pico de produção entre Junho e Outubro. Ao longo dos últimos anos, a produção desta cadeia produtiva tem se mantido praticamente constante. Este panorama também é verdadeiro para os anos mais recentes (2020 e 2021), onde o perfil da produção manteve-se regulado mesmo durante o agravamento das paralisações em todo o país.

O comportamento da produção industrial de veículos automotores (automóveis, motocicletas, caminhões, ônibus, tratores e etc.) pode ser visto na Figura 3.Após queda em 2015, houve crescimento da produção até o final de 2019. O ano de 2020 foi muito ruim para esta indústria, com destaque para o 2º trimestre (produção quase paralisada). Em 2021, a produção nacional mostra níveis próximos aos de meados de 2015, também com sinais de queda nos próximos meses. Sazonalmente, há certa redução da produção média entre Dezembro e Fevereiro de cada ano.

Na fabricação de cimento (ver Figura 4), houve forte redução da produção nacional entre 2015 e 2018. A retomada vem ocorrendo sistematicamente desde 2019, apesar dos abalos ocorridos no 1º semestre de 2020. A sazonalidade anual não é expressiva nessa indústria, onde se tem uma pequena redução nos níveis médios de produção entre Dezembro e Fevereiro de cada ano.

A produção de celulose no Brasil (Figura 5) tem demonstrado crescimento em todo o horizonte escolhido. Contudo, a partir do 2º semestre de 2021 os dados apontam para uma ligeira retração dos níveis de produção, em compasso com a desaceleração econômica mundial, principalmente da China, maior parceiro comercial da celulose de fibra curta do Brasil. Em termos sazonais, se vê uma relativa estabilidade ao longo do ano, com pequenas oscilações entre Dezembro e Março.

Na Figura 6 pode ser visto o comportamento da produção industrial de papel e papelão. Em termos históricos, se vê baixa variação do volume de produção ao longo do tempo, assim como pouco efeito de sazonalidade ao longo do ano, exceto pela pequena queda nos meses de Fevereiro e Maio, compensada pelos demais meses. O setor sentiu os impactos da crise sanitária na metade do ano de 2020, mas retornou rapidamente ao patamar tradicional desde então.

A Figura 7 mostra as características da produção de eletrodomésticos no Brasil. Os números destacam uma pequena retração da produção entre 2015 e 2017, acompanhada de crescimento sustentado desde 2018. Como é de se esperar, o 1º trimestre de 2020 foi marcado por forte redução da produção industrial. Porém, viu-se em seguida um forte crescimento para níveis bem acima das médias históricas (efeito do aumento de permanência das famílias em suas casas, onde as pessoas investiram na substituição de eletrodomésticos e utensílios do lar). Já em 2021, a produção industrial retornou o comportamento da média histórica, porém ainda em nível bem acima do vislumbrado nos anos anteriores.

Por fim, a última cadeia produtiva avaliada foi a fabricação de móveis. Desde 2015 os níveis de produção apresentam queda, apesar de uma tímida recuperação após Abril de 2020, onde boa parte das famílias fez renovação do espaço doméstico em função do aumento da permanência em casa. Em 2021, contudo, os níveis de produção industrial permanecem abaixo dos apresentados em 2015, mostrando as dificuldades do setor. Em termos sazonais, o volume de produção é normalmente mais expressivo entre os meses de Agosto e Novembro, em média.


Coluna mensal elaborada à pedido da Revista O Papel/ABTCP - Coluna Estratégia e Gestão - Edição de Outubro de 2021.


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