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Foto do escritorMarcio Funchal

Como Anda a Saúde da Economia Industrial no Brasil?

Coluna mensal elaborada à pedido da Revista O Papel/ABTCP - Coluna Estratégia e Gestão - Edição de Novembro de 2022.


A chegada de mais um final de ano representa um período de preparação para os planos e estratégias dos próximos períodos. Para embasar as projeções de cenários futuros, é pertinente olhar para o passado para compreender como as situações vivenciadas pela sociedade impactaram os resultados das companhias.


Uma das mais importantes análises a serem feitas se refere à lucratividade das empresas. Neste sentido, preparei um resumo histórico da saúde financeira setorial da Indústria da Transformação brasileira, comparativamente com a saúde financeira do Setor Industrial de Celulose, Papel e Papelão.


É claro que os números mostram uma situação média considerando os resultados de milhares de empresas, cada qual com características de mercado e de fabricação próprias. Contudo, em termos agregados, esta análise permite vislumbrar como as diferentes cadeias produtivas se comportaram ao longo do horizonte de análise, evidenciando, como será demonstrado, realidades de mercado muito distintas.


Vamos começar com a Indústria da Transformação. A Figura 1 mostra claramente um crescimento significativo tanto do faturamento como dos custos a partir de 2010. Além disso, o valor faturado anualmente foi quase sempre maior do que o valor dos custos industriais totais, ano a ano. Interessante notar que, entre 2015 e 2017, a trajetória de crescimento de ambas as séries foi interrompida. Para lembrar, 2015 foi o auge da crise econômica iniciada nos anos anteriores.


A Figura 2 complementa as análises, mostrando que as indústrias fecharam o ano de 2015 no negativo. Além disso, é interessante notar que a lucratividade geral da indústria da transformação vinha caindo desde 2010, mas se recuperou a partir de 2016. Contudo, apesar do crescimento positivo em termos monetários desde então, a margem tem se retraído quando se compara com o volume faturado. Em resumo, as indústrias do setor da transformação estão encolhendo a rentabilidade a cada ano.

Repetindo as análises agora para o Setor Industrial de Celulose, Papel e Papelão, percebe-se que, no mesmo horizonte de análise (ver Figura 3), houve crescimento tanto do faturamento anual como dos custos industriais. Contudo, os custos anuais cresceram num ritmo mais elevado do que o do faturamento setorial, a partir de 2019. Além disso, a Figura 4 mostra uma maior oscilação da rentabilidade setorial ao longo de todo o período. Contudo, a partir de 2019, a situação financeira tornou-se dramática em razão do crescimento vertiginoso dos resultados negativos.

Para finalizar as análises, as Figuras 5 e 6 mostram um resumo da evolução da composição dos custos médios dos setores selecionados: respectivamente Indústria da Transformação e Indústria de Celulose, Papel e Papelão.


Na Indústria da Transformação, o componente de custo mais significativo continua sendo Matéria-prima e Insumos (mais da metade do custo total). Cabe destacar o aumento da importância dos custos com Reinvestimentos e demais custos diretos e indiretos de fabricação.


No caso do Setor de Celulose, Papel e Papelão, tivemos uma transição muito significativa: no passado, custos diretos com Matéria-prima e Insumos eram os mais importantes (quase metade do custo total). Atualmente, porém, os custos com modernização do parque industrial e/ou ampliação de capacidade (ou seja, reinvestimentos) se tornaram o componente mais impactante.

Em função da grande diferença de características das empresas do Setor de Celulose, Papel e Papelão, a próxima edição da Coluna Gestão & Estratégia vai desdobrar estas análises, trazendo uma visão um pouco mais detalhada sobre cada segmento industrial deste setor. Até breve.


Coluna mensal elaborada à pedido da Revista O Papel/ABTCP - Coluna Estratégia e Gestão - Edição de Novembro de 2022.


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